Saudações viajantes, o lobo das estepes insulares uiva novamente pelas bandas de cá. Hoje proponho uma discussão em relação às Personagens dos jogadores e seus passados, vulgo Backgrounds.
Durante o início de uma campanha, por via de regra, realiza-se a criação das personagens, que serão os avatares dos jogadores no mundo que o mestre criou. Contudo, essas personagens não devem, em meu ponto de vista, serem tratadas como “as personagens dos jogadores” mas sim como pessoas normais vivendo no mundo/universo em questão. E a melhor forma de criar esta imersão é através dos backgrounds.
Existem DMs que preferem criar os históricos das personagens por si só, outros em contrapartida deixam tudo nas mãos dos jogadores e consequentemente nunca mais utilizam os backgrounds, ou simplesmente os inserem no mundo como pura referência. Eu tento, na medida do possível, incorporá-lo ao máximo em minhas campanhas. Quando um jogador vem com uma boa história, rica de outros personagens e fatos que marcaram a vida da personagem dele, eu tento inserir estes detalhes nos plots da campanha, na esperança de tornar a coisa mais “viva”. Em nossas mesas, é muito comum que NPCs importantes, sejam na verdade seres criados pelos jogadores na descrição de suas histórias, e algumas vezes inclusive ex-personagens deles. Vez ou outra, estes “backgrounds” reaparecem no decorrer da campanha, algum inimigo tentando caçar uma das personagens, um parente distante aparecendo, ou mesmo uma linhagem inteira descende de um deles após estar desaparecido por cem longos anos.
Este último exemplo aconteceu em nossa campanha atual, o personagem do Calinho, Aramil o rei Ranger, foi coroado rei de um reino X, por um curto período de tempo, pois era o parente mais próximo do rei por direito, que ainda era muito jovem para reinar. Acontece que o nosso querido Aramil, havia anos antes tido um caso com certa mulher. Bom, devido a uma explosão de plots, as personagens acabaram petrificadas por cem anos e quando finalmente acordaram (devido a ação dos próprios jogadores com outras personagens) descobriram certos fatos perturbadores em relação a linhagem de Aramil. A mulher que ele havia amado era na verdade uma sucubbus, e graças a essa união temos uma guerra civil no reino, onde os descendentes tieflings de Aramil, clamam o direito ao trono no lugar dos herdeiros do rei.
Outro exemplo digno de ser citado, é o famoso paladino meio elfo do Japa. Após ser morto em combate, um de seus plots veio a tona ainda no reino dos mortos . O lord dos nove infernos fez uma proposta indecente ao jovem paladino, o tornaria um poderoso, uma criatura terrível, um lorde das profundezas. Em troca o paladino pediu a garantia de proteção de sua filha. Tudo isso foi gerado devido a ótima historia criada pelo jogador com detalhes inúmeros que não cabe citar aqui. Concluindo, este paladino ex-personagem hoje é um dos maiores vilões da campanha e o terror das outras personagens.
Existem outros inúmeros exemplos a serem citados, mas por falta de espaço nos limitaremos a estes dois.
Este tipo de olhar aos backgrounds, além de dar um sabor maior de vida ao cenário, me revelou algo ainda mais incrível. A “empolgação” dos jogadores em relação ao mundo. Os jogadores se sentem criadores da história e não meros ouvintes, eles percebem que suas ações e passado interferem diretamente no desenrolar dos eventos. Eles vibram mais, temem mais (em tomar decisões erradas) e acima de tudo, esperam mais, esperam os resultados, esperam o imprevisível de cada situação. Muitas das escolhas resultam em bons frutos, outras não.
Vocês costumam incorporar os backgrounds e escolhas das personagens de seus jogadores na campanha? Como tem sido o resultado? E você tem gostado de mestrar assim?
Deixe sua crítica ou sugestão nos comentários ou me envie um email, Alan, o lobo da estepe.
Obrigado pelo seu minuto de atenção, boas campanhas e um ótimo final de semana a todos.
É real que empolga mais. É fantástico ver aquele aquele antigo PJ poderoso agora, cem anos depois :D
ResponderExcluiro que mais me intrigou no paladino do japa é: pq diabos meio-elfo? hahahaha brincadeira :P
ResponderExcluirchiquetoso
ResponderExcluireder
Sem dúvidas, acho que um dos melhores pontos das campanha do mestre Alan é a junção dos personagens (criação do jogador) com o mundo e seus acontecimentos (criação do mestre). Isso faz criar uma sintonia perfeita que te faz parecer ainda mais importante para o jogo além de um mero jogador de dados.
ResponderExcluirAh, outra coisa: Paladino + Mentiras = Vira demonhão depois que morre.
ResponderExcluirhahahahaha, maldito paladino mentiroso!